Topo

Letícia Piccolotto

Viu como a revolução digital avançou? Seu voto também pode ajudar em 2020

Letícia Piccolotto

30/12/2019 04h00

2020 promete ser ainda mais disruptivo no Brasil – e as eleições municipais serão um importante acontecimento (shayne_ch13/ Freepik)

Estamos a um passo de entrar na segunda década do século 21. É visível como o mundo está cada vez mais acelerado e como a tecnologia se inseriu no nosso dia a dia. No Brasil, os dados revelam que na média já são dois smartphones por pessoa e que gastamos 9 horas por dia na internet

Tudo ficou mais fácil. Pedimos comida e transporte em um simples clique, temos a chance de pesquisar milhares de sites antes de efetuarmos uma compra e a educação, de uma certa forma, se tornou mais acessível e democrática. Por conta do avanço da economia compartilhada, as novas gerações também já não estão tão presas a sonhos de consumo de ativos fixos como carro, apartamento, entre outros. A qualidade de vida e as experiências se tornaram os bens mais desejáveis.  

Se por um lado temos a tecnologia como uma ferramenta importante para a evolução da sociedade, de outro ainda ficam os alertas de que é necessário nos mobilizarmos para entendermos os efeitos colaterais da revolução digital.

São inúmeras as perguntas que ainda não foram respondidas – qual o impacto da exposição do ser humano à tanta tecnologia? O mundo está mais ansioso por conta da dependência que temos hoje do nosso celular e da exposição às redes sociais? O que precisa ser regulamentado para que a revolução digital seja de fato democrática e acessível a todos? Quais são os dilemas éticos que ainda vamos enfrentar?     

Foi nessa lógica que construímos ao longo do ano de 2019 diferentes reflexões aqui no nosso blog. Alguns textos destacaram os avanços da tecnologia e o impacto positivo para resolvermos problemas complexos da sociedade, enquanto outros trouxeram reflexões importantes a respeito dos desafios que vivemos – ou que ainda iremos viver – a partir dessa revolução. Sendo assim, convido você, leitor, para uma breve retrospectiva. 

2019: o poder da tecnologia  

No início do ano, falamos sobre o custo dos congestionamentos e como a tecnologia pode ajudar a resolver esse problema. Somente nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro estima-se um custo total de R$ 98 bilhões por ano. Este é um grande desafio que continua comprometendo a qualidade de vida das pessoas que vivem em grandes cidades. 

O fato positivo é que a população urbana aderiu a novos modais – como o compartilhamento de carros, bicicletas e patinetes por aplicativos. Inúmeras startups surgiram e estão focadas em contribuir com soluções para a mobilidade urbana. E mesmo que alguns setores se sintam ameaçados pelas novidades, dificilmente as pessoas irão abrir mão da facilidade gerada por essa inovação. Justamente pensando sob essa lógica que discutimos aqui no blog o quanto prefeitos e gestores públicos podem aprender com as UrbanTechs, empresas como Uber, Airbnb e outras.

Tragédias fizeram parte de 2019. E isso não é algo pontual deste ano, claro, mas foi possível ver que a presença da tecnologia poderia sanar muitos de nossos maiores temores. O caso de um novo rompimento de barragem em Minas Gerais, em janeiro passado, evidenciou que sistemas de alarme e monitoramento são fundamentais para o controle nesse ramo. O tema meio ambiente foi amplamente discutido e,  em agosto, quando o dia virou noite em São Paulo, Mato Grosso e Paraná por conta de queimadas na região amazônica, mais uma vez o poder da tecnologia em fazer o controle ambiental foi percebido como central.

Tudo isso impactou de maneira premente a vida da população brasileira. E a existência e atuação de startups foi lembrada em nosso blog sob diferentes temas e perspectivas – desde a questão da inclusão dos idosos na revolução digital até os avanços e impactos no sistema de saúde e educação

Diferentes experiências internacionais também foram relatadas, como o caso de Portugal que tem avançado muito na digitalização de seus serviços públicos e a experiência da Coreia do Sul que já investe pesado para a implantação do 5G.

Em julho de 2019 tivemos também o fim dos likes no Instagram e apesar de toda polêmica a respeito dos reais motivos do aplicativo por trás dessa estratégia, o fato é que isso gerou uma série de reflexões importantes sobre a saúde mental das pessoas e o quanto de fato nós estamos no controle do nosso "eu digital".

E sendo a maior razão da existência desse blog, discutimos também, ao longo de todo o ano, a importância dos governos aderirem a pauta de transformação digital. Inteligência artificial, blockchain,  entre outras tecnologias, quando aplicadas para a construção do Governo 4.0 têm o potencial – só no Brasil – de aumentar até 5,7 % do PIB.

2020: cidades digitais 

O ano de 2020 promete ser ainda mais disruptivo. No Brasil teremos grandes oportunidades visto que as eleições municipais serão um importante acontecimento para o nosso país. 

Os mais de cinco mil municípios brasileiros terão novas lideranças políticas que, por sua vez, encontrarão desafios muitas vezes antigos, já conhecidos e que continuam a comprometer a vida da população: falta de saneamento básico, baixa cobertura de serviços de saúde, sensação de insegurança, aprendizado insuficiente dos estudantes, entre tantos outros. 

A tecnologia e as GovTechs têm um potencial enorme de melhorar a vida nas cidades, produzindo soluções para os mais diversos desafios existentes.  Cidades cada vez mais digitais com foco na melhoria da vida das pessoas e na inclusão plena será uma grande tendência em 2020 e o blog se dedicará a cobrir este tema, incluindo pesquisas e experiências relevantes.

O momento de pausa entre um ano e outro é sempre importante para fazermos um balanço dos avanços, desafios e, ainda, reprogramar prioridades. Se você também espera um Brasil mais digital e inclusivo, escreva aqui nos comentários quais são outros temas importantes que gostaria de debater. 

Boa virada digital para todos! Até 2020! 

Sobre a autora

Letícia Piccolotto é mestre em Ciências Sociais, especialista em Gestão Pública pela Harvard Kennedy School e fundadora do BrazilLAB, a única plataforma brasileira que conecta startups e governos para estimular a inovação no setor público.

Sobre o blog

Acelerar ideias e estimular uma cultura voltada para a inovação do setor público. Este é um blog para falar de empreendedores engajados em buscar soluções para os desafios mais complexos vividos pela sociedade brasileira.