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Como o Brasil pode aprender com Cingapura e evitar milhões de ciberataques

Letícia Piccolotto

18/01/2019 04h00

Um ponto-chave que deve ser lembrado pelas startups como vetores de inovação: a área de cybersegurança é um campo fértil para criar serviços, recriar ações, propor transformação

 

Cingapura é uma nação asiática conhecida pela relação estreita com a tecnologia – nas últimas décadas conquistou atenção, atraiu multinacionais e se desenvolveu fortemente. Cingapura também tem como foco o GovTech e a intenção de tornar os serviços públicos totalmente digitais.

Além disso, Cingapura é aquele país com um olhar que vai adiante. Há alguns dias, por exemplo, a Agência de Tecnologia e a Agência de Cibersegurança de Cingapura divulgou que pretende incluir hackers locais e estrangeiros em um programa no qual especialistas são convidados a descobrir vulnerabilidades nos sistemas públicos. Em troca, eles recebem recompensas monetárias.

Sob esse Government Bug Bounty Program (ou "Programa Governamental de Recompensa por Bugs"), que está em execução neste início de 2019, os pagamentos por descobertas de defeitos podem variar de US$ 250 a US$ 10 mil, dependendo da gravidade do bug. A premiação só vale para hackers registrados e autorizados, e os problemas descobertos são encaminhados imediatamente para correção.

Essa iniciativa faz parte dos esforços do governo de Cingapura para criar uma "nação inteligente que também seja segura", atraindo conhecimento especializado para ajudar a identificar os pontos cegos da administração pública, inovando nas defesas e ainda demonstrando ao mundo que o país se preocupa com a questão da cibersegurança.

Esse, aliás, é um ponto-chave que deve ser lembrado pelas startups como vetores de inovação: a área de cibersegurança é um campo fértil para criar serviços, recriar ações e propor transformação.

Os brasileiros em ação

No Brasil, esse é um campo fértil porque o ambiente online apresenta dados preocupantes: o último relatório Norton Cyber Security Insights (2017) mostrou que somos o segundo país que mais perdeu financeiramente com ataques cibernéticos, atrás apenas da China.

Cerca de 62 milhões de brasileiros foram vítimas de cibercrime naquele ano, o que representa 61% da população adulta conectada do país. As perdas totalizaram US$ 22 bilhões – sendo que cada vítima perdeu em média 34 horas com as consequências dos ataques.

Desafios como esses, que afetam diretamente o dia a dia do cidadão, foram uma motivação para que o BrazilLAB saísse em busca de soluções em seu atual Programa de Aceleração (de startups que possam contribuir com melhorias na segurança pública no Brasil e em diversos outros setores). O challenge de Cybersecurity (juntamente com Segurança Pública) foi uma adição deste ano e recebeu atenção dos inscritos em ações interessantes e importantes.

Chegaram ao BrazilLAB propostas como a Acesso Bio, solução de biometria facial desenvolvida pela startup Acesso Digital. A tecnologia gera um score de autenticação biométrico, associando a imagem do rosto capturada por webcam ou celular a um documento, ajudando tanto a facilitar e selecionar acessos quanto à proteção da identidade das pessoas.

Outra empresa selecionada para o programa – e que pode em breve oferecer soluções a governos – foi a Sirius App, criadora de um aplicativo de comunicação que oferece proteção para a troca de mensagens em chats, documentos e áudios em smartphones (com o objetivo de substituir a troca de e-mails em dispositivos móveis).

A tecnologia tomou as nossas vidas, mas essa balança precisa ser positiva quando se fala em acesso e segurança.

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Sobre a autora

Letícia Piccolotto é mestre em Ciências Sociais, especialista em Gestão Pública pela Harvard Kennedy School e fundadora do BrazilLAB, a única plataforma brasileira que conecta startups e governos para estimular a inovação no setor público.

Sobre o blog

Acelerar ideias e estimular uma cultura voltada para a inovação do setor público. Este é um blog para falar de empreendedores engajados em buscar soluções para os desafios mais complexos vividos pela sociedade brasileira.