Hacker da Felicidade: produtividade e satisfação pessoal andam juntas?

Mais de 2 mil pessoas participaram de painéis sobre liderança, inteligência artificial, blockchain e outros temas – e tocaram em pontos sensíveis para os novos rumos da nossa sociedade
Na semana passada eu tive a chance de participar de um evento diferente e muito especial para quem lida com temas tão ligados ao futuro do nosso planeta e da humanidade. Foi um tanto inusitado perceber que, em uma grande reunião de especialistas em tecnologia avançada, a felicidade e os desafios que estamos vivendo hoje em um mundo tão conectado foram assuntos priorizados na agenda.
O Global Summit da Singularity University aconteceu entre os dias 19 e 21 de agosto em São Francisco, cidade símbolo do Vale do Silício americano, na Califórnia, Estados Unidos. Essa foi a quarta edição do encontro anual que reúne especialistas, autoridades, pesquisadores, líderes corporativos e outros players para debater as chamadas tecnologias exponenciais.
Mais de duas mil pessoas participaram de painéis sobre liderança, inteligência artificial, realidade aumentada, realidade virtual, blockchain, futuro do trabalho, futuro das cidades e inúmeros outros temas relacionados à inovação. E tocaram, ainda, em pontos bastante sensíveis para a humanidade e os novos rumos da nossa sociedade.
Foi um impacto e tanto receber todo tipo de provocação a respeito de como podemos repensar o futuro e como podemos melhorar nossa visão em todos os nossos campos de atuação. Também foi uma reflexão importantíssima essa de que nossos projetos de inovação precisam contemplar o tempo, a satisfação pessoal e a felicidade geral.
A questão foi levantada especialmente pela australiana Penny Locaso, fundadora e CEO da BKindred. Podemos dizer que ela é uma especialista em empreendedorismo digital e uma das mulheres mais influentes, hoje, no setor de tecnologia. Mas o mais interessante é dizer que Locaso conquistou toda essa atenção por ser a primeira "hacker da felicidade" que se tem notícia.
Ela se tornou um hit no LinkedIn (com artigos contando mais de 50 mil visualizações) e criou um movimento global para repensar como usamos nosso tempo.
Produtividade, sim; felicidade, muito mais
Penny Locaso criou a primeira ferramenta pedagógica e de medição projetada para humanizar o futuro por meio da ampliação do "quociente intencional de adaptação" (capacidade de se adaptar) de indivíduos e organizações. Tudo se concentra no desenvolvimento de habilidades humanas divididos em três pilares: foco, coragem e curiosidade.
Uma das propostas de Locaso, por meio de sua empresa BKindred, é ensinar pessoas (líderes, inclusive) a lidarem melhor com a relação entre produtividade e felicidade. No final do processo, o bem-estar dos indivíduos é um dos benefícios adquiridos.
A trajetória dela nesse sentido de adaptação começou três anos atrás, quando Locaso virou sua vida de cabeça para baixo. Em um período de sete meses, ela deixou uma carreira de 16 anos como executiva, terminou um relacionamento de quase duas décadas e transferiu sua família de cidade.
Ao mesmo tempo, fundou a BKindred, que ganhou forma diante da inquietação de Locaso em seu processo de busca pela felicidade. Já que não conseguia encontrar uma startup de educação global que pudesse habilitá-la a entender sobre produtividade, futuro e satisfação pessoal, decidiu criar uma.
"Nunca estivemos tão tecnologicamente conectados, mas tão humanamente desconectados", afirmou Locaso. Como ela mencionou, isso contribui para os índices crescentes de ansiedade e a percepção de que, apesar de conectados, estamos sozinhos. "Essa desconexão humana interfere diretamente em nossas vidas, uma vez que também nos afastamos de nós mesmos", lembrou.
O fato de estarmos sempre muito ocupados e não dispostos a fazer conexões reais impede que a maioria de nós entenda a própria rotina. Isso impacta na capacidade de conversar com outros, de conhecer diferentes realidades, de ter insights e, claro, de inovar.
Líderes com tempo para refletir
Em sua palestra no Global Summit, Locaso destacou que o processo também envolve líderes políticos na transformação e na inovação de cidades e países.
O processo de transformação que um verdadeiro líder deve conquistar passa por ter tempo de observar seu entorno, é uma verdade. Penny Locaso levou até mesmo um exemplo de dois homens reconhecidos historicamente como grandes mentes criadoras de mudança. Bill Gates, fundador da Microsoft, aprendeu com o megainvestidor Warren Buffet a controlar sua própria agenda.
Inspirado nele, Gates refletiu sobre como administrar seu tempo livre – seus momentos de ler, pesquisar, se informar, se manter curioso sobre a sociedade. Foi Warren Buffet quem disse "eu posso comprar tudo nesse mundo, menos tempo".
Essa edição do Global Summit foi a primeira a incluir debates sobre inovação no setor público e a pauta GovTech (falamos mais sobre esse tema, especificamente, no site do BrazilLAB). No segundo dia de evento, aconteceram painéis sobre governo – nos quais especialistas debateram sobre as cidades do futuro, como lidaremos com educação, mobilidade, segurança etc.
Também foi importante conhecer a experiência e as projeções de diferentes lugares: Dubai, por exemplo, tem a meta de ser a principal cidade de agricultura urbana do mundo (hoje, o Emirado importa 80% de tudo o que consome).
Em geral, o que vimos no evento foram palestrantes que enfatizaram que uma liderança precisa ter visão e projetar pensamentos que contemplem um futuro que conte, sim, com o Big Data, a análise de dados, a inovação e outras ferramentas – mas que não se esqueça de que as pessoas são a grande motivação para mudarmos.
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