Saiba por que a população deve se engajar no descarte do lixo eletrônico
É claro que, vivendo a era da informação, todos queremos o acesso. E queremos mais rápido, mais avançado, com mais possibilidades de interação, som, imagem. Quantos de nós já pensaram bem, no entanto, sobre o impacto de tudo o que conquistamos e da tecnologia que perseguimos quase diariamente pelos nossos laptops, smartphones e outros tantos dispositivos? Mais do que isso: é o caso de pensarmos que, além da consciência, precisamos desenvolver negócios que gerenciem o e-lixo.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão das Nações Unidas, fez há algumas semanas um alerta para o rápido crescimento de lixo eletrônico no mundo –uma "produção" que gera cerca de 50 milhões de toneladas de descartes ao ano.
O apelo da OIT por ações que administrem de forma adequada essa "onda tóxica" de dispositivos elétricos e eletrônicos menciona que os resíduos podem ser transformados em uma fonte valiosa de trabalho. De acordo com a entidade, hoje somente 20% do e-lixo é reciclado (no Brasil, 3%); porém, o montante envolvido nesse processo, no planeta, é algo que pode alcançar em torno de US$ 60 bilhões.
Segundo maior produtor de lixo eletrônico na América e sétimo no mundo, o Brasil "joga fora" cerca de 1,5 milhão de toneladas de materiais desse tipo a cada ano (segundo o estudo Global e-Waste Monitor de 2017). O uso das aspas é para lembrar que, na realidade, não existe esse "jogar fora". Fica tudo por aí mesmo. Então é urgente criar gestão sobre esse tipo de resíduo.
Durante a divulgação dos dados em Genebra, representantes de governos e organizações sindicais concordaram que os países devem "aumentar e promover investimento em infraestrutura de gerenciamento de resíduos e sistemas em todos os níveis". Além disso, ainda foi lembrada a necessidade de proteger as pessoas que trabalham com o lixo eletrônico, muitas vezes considerado tóxico e perigoso.
Com essas informações, fica evidente mesmo a necessidade de pensar soluções para o problema, inclusive como nicho de negócio e pela visão GovTech (de startups que tragam ideias para o manejo da tecnologia como um serviço a ser prestado por e para o poder público).
Consciência no descarte
O descarte correto de materiais eletrônicos não é algo que a população conheça a fundo. Até porque é um tema com detalhes técnicos muito particulares. Poucos sabem que a sucata eletrônica possui mais de 20 tipos de componentes que podem ser extremamente prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como chumbo, arsênio, mercúrio, cobre, cádmio, cromo, zinco, níquel, metais pesados existentes nos equipamentos e que podem resultar na contaminação do espaço e das pessoas que fazem sua manipulação.
Cabe, então, aos governos pensar um sistema que faça o manejo do e-lixo –de preferência, de um modo ainda mais eficiente e sustentável do que se faz com o lixo recolhido pelas prefeituras. O modelo pode começar a ser levado à população por projetos como o Movimento Greenk – mistura de Green (Verde) com Geek (a paixão por tecnologia e pela cultura pop).
A ideia é mobilizar e conscientizar a população para fazer o descarte correto de itens de tecnologia. São pontos de coleta em pontos estratégicos das cidades, reciclagem racional dos materiais e eventos que promovam ainda mais a causa (a terceira edição do Greenk Tech Show acontecerá nos dias 16, 17 e 18 de agosto em São Paulo). A partir de uma discussão coletiva e novas atitudes, além dos esforços de especialistas e investidores, o e-lixo pode se tornar um tema central na era da informação que o gerou.
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