Internet cara compromete 9,5% da renda dos brasileiros mais pobres
A desigualdade social no Brasil, marcada pela distribuição desigual de renda é evidente. Recentemente o Banco Mundial lançou um relatório que trouxe dados ainda mais alarmantes. Segundo a instituição, o número de pessoas que vivem na pobreza subiu 7,3 milhões desde 2014, atingindo 21% da população, ou seja, 43,5 milhões de brasileiros.
Junto a este cenário, a crise econômica dos últimos anos também impactou de forma significativa o poder de consumo das classes C, D e E. E o que tudo isso tem a ver com o desafio de transformação digital que queremos promover no Brasil tanto na esfera privada quanto pública? A resposta é tudo.
Frente a esse cenário, a revolução digital pode agravar ainda mais a desigualdade social e promover então uma profunda exclusão digital.
Essa análise, por sinal, acaba de ser apresentada em um estudo sobre o panorama e os principais desafios para a transformação digital no Brasil. A plataforma lançada pelo BrazilLAB – hub que conecta startups a governos buscando promover a inovação no país – foi desenvolvida em parceria com o CPI (Centre for Public Impact). Os números mostram um ponto importante: corremos o risco de promover a exclusão digital por conta da fatia significativa que os custos de internet abocanham na renda da população menos favorecida.
No Brasil, quando se fala em acesso, os valores são compatíveis ou até menores que em muitos países do mundo. Um smarthphone (equipado com sistema Android), por exemplo, custa cerca de US$ 203 por aqui e é um valor bastante similar ao México e menor que a Suécia.
Por um pacote de dados de 500MB, o brasileiro paga em média US$ 13,50 – menos do que chilenos, australianos e menos da metade de um norte-americano.
Conexão para todos?
Onde, então, reside o "buraco" para o nosso engajamento digital? Está, para começar, no bolso – e principalmente na proporção. Todos os custos relacionados ao engajamento digital, tão comuns para outras nações, consomem uma parcela muito menor do salário médio de um cidadão em outros países do que do salário que se paga no Brasil.
Basta comparar os números para observar que a transformação digital profunda é necessária (como diz o estudo do BrazilLAB) para atacar um obstáculo fundamental do país: a desigualdade.
E outras pesquisas indicam a mesma direção. Um estudo do Banco Mundial revelou que 61% dos brasileiros acessam a internet. Mas, segundo o ranking da Aliança para uma Internet Acessível, coligação mundial do setor de tecnologia que reúne mais de 80 organizações, menos de 40% dos brasileiros tem acesso à rede por um preço acessível. Para 126 milhões de pessoas no Brasil, o valor pago é uma grande barreira ao acesso. E, quando existe barreira ao acesso, a exclusão atinge em cheio, também, o senso de cidadania.
Quando observamos especialmente a população mais pobre, a diferença de impacto financeiro por acesso é gritante: o custo para ter internet compromete cerca de 9,5% da renda familiar das classes C, D e E.
Dificultando a adesão, corremos o risco de deixar uma fatia enorme da população de fora da revolução digital ou consumindo apenas entretenimento – afastando as pessoas do impacto positivo que hoje a internet permite. Ou seja, acesso a educação, democratização da informação e engajamento cívico, entre outros fatores essenciais para o desenvolvimento social.
Os brasileiros são a terceira nação que mais utiliza o Facebook. Mas o que deveríamos perseguir vai muito além da rede social.
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