Startups podem ser a chave para evitar tragédias como nas barragens de MG
Em 2015, com o desastre ambiental e humano ocorrido com a queda de uma barragem da empresa Samarco, o choque generalizado pareceu congelar as ações concretas. As mudanças de operação foram discretas e, há uma semana, o horror novamente: uma barragem da companhia Vale cedeu em Brumadinho, devastando o ambiente e tantas famílias novamente em Minas Gerais. Uma luz, no entanto, se acendeu em meio à tragédia recente.
Após o desastre, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) abriu uma campanha para que empresas disponibilizassem inteligência e tecnologia para ajudar nos trabalhos pós rompimento da barragem. Até agora, 160 startups já atenderam ao chamado e ofereceram soluções.
A BirminD foi uma das empresas que respondeu ao chamado da ABDI – estimando o fluxo de rejeitos e cruzando com o último sinal de GPS que uma pessoa tenha tido antes do rompimento da barragem. "Com essa informação, queremos estimar, levando em conta o arrasto da lama, onde a pessoa possa estar", explicou Diego Oliveira, um dos fundadores da empresa.
Outra empresa que ofereceu sua experiência a Brumadinho foi a Nong, que possui um serviço de monitoramento por drones. Como explicou o diretor de engenharia da startup, Gabriel Postiglioni, as câmeras de alta resolução podem fazer um modelo digital da área e, a partir das fotos, gerar vários mapas. Com essas informações, pode-se fazer cálculos sobre o terreno, entender o relevo – o que é importantíssimo em uma operação de resgate.
Um terceiro exemplo: a O2eco disponibilizou tecnologia para limpeza da água (que, inclusive, foi aplicada no Rio Doce depois do rompimento da barragem de Mariana, há três anos). Na tecnologia desenvolvida por eles, placas de bactérias aceleram o processo natural de recuperação das águas. No Rio Doce, a presença de alumínio teve queda de 82% na água depois de cinco semanas.
Como essas empresas, no Brasil e no mundo existem outras com a missão de criar novas maneiras de lidar com fatalidades que atingem a população e que podem auxiliar o poder público em eventos de crise. São startups focadas em soluções de organização de doações, atendimento e comunicação de alertas de emergência, predição de riscos, entre outros.
Prevenção com tecnologia
Tragédias como a de Brumadinho são situações de profundo impacto físico e emocional não apenas nas comunidades ao redor (aquelas que sofrem terrivelmente desde os primeiros segundos de um desastre). Ocorrências assim vão além – tocam todo um país. E em meio ao caos, é muitas vezes difícil ver algum aprendizado. Mas eles existem. E o mais evidente, nesse momento, é que precisamos inovar e evoluir nos métodos de administrar nossas cidades e considerar a ação de grandes corporações que nelas operam.
As startups podem ser um grande meio, como se viu, não só para oferecer tecnologia de contenção, mas também para prevenção, controle, avaliação prévia e readequação dos meios tradicionais de "resolver problemas".
Vamos a um exemplo: no Programa de Aceleração de startups do BrazilLAB, uma das selecionadas da terceira turma para oferecer suas soluções à área pública foi a Sintecsys, um sistema de detecção de incêndios. Tudo funciona por meio de algoritmo com alerta automático de fumaça em seus estágios iniciais – e também detecção de movimento para vigilância no campo. Em um país que tanto sofre com as queimadas, a ideia é uma inovação mais do que necessária.
Imagine uma ideia assim adaptada ao controle de barragens de rejeitos, por exemplo – que, apenas em Minas Gerais, somam quase 700 locais a serem fiscalizados. A tecnologia criada em startups não só pode, mas DEVE ajudar mais nosso país. Antes que tudo se torne devastação e incerteza.
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