Iluminação pública: a tecnologia já economiza mais que o horário de verão
Há alguns dias o Brasil encerrou mais um período de horário de verão. É um momento de alívio para muitos, que detestam os tais dias mais longos. Mas há o lamento de outros tantos, gente que não só aprecia as horas extras de luz natural como a economia que o horário diferente gera. Esse último dado, porém, está em cheque. A tecnologia aplicada aos sistemas de iluminação já poderia descartar a necessidade dessa mudança de verão.
No ano passado, de acordo com dados do Ministério das Minas e Energia, o horário de verão durou 126 dias e gerou economia de R$ 159,5 milhões ao sistema (ao reduzir o acionamento de usinas termoelétricas, por exemplo). O valor, no entanto, já é considerado irrelevante para o setor.
Décadas atrás, o horário de verão (oficializado a partir de 1985) tinha mesmo maior impacto – atuando em pontos como a elevação do consumo de energia registrada entre 17h e 20h, no retorno da população às suas casas. Para dar mais "folga" ao sistema, adiantar os relógios em uma hora permitia adiar, por exemplo, o acionamento da iluminação pública nas ruas.
A mudança nos hábitos do consumidor e principalmente o avanço das tecnologias aplicadas, no entanto, tornaram inócuo esse objetivo econômico do polêmico horário de verão. E as startups, hoje, têm tudo a ver com isso – especialmente aquelas focadas em GovTech.
Ideias iluminadas
Os gestores públicos são constantemente cobrados para desenvolver medidas voltadas para melhorar a qualidade de vida da população; se fala bastante em mobilidade ou saúde, claro, e as questões de zeladoria, como a iluminação, podem parecer apenas detalhes. Mas é também nos detalhes que se formam as cidades inteligentes.
Morar em um município bem iluminado contribui para os cidadãos se locomoverem com mais facilidade e segurança, por exemplo. Atraem também maior movimento de pessoas e vantagens para o comércio, o que é crucial para o desenvolvimento. Gente nas ruas, cenário apropriado aos negócios, empresários gerando mais empregos e renda: sim, o "detalhe" de uma iluminação pública inteligente faz toda a diferença e deve ser priorizado.
As soluções existem nos planos mais variados, qualquer prefeito poderia se valer delas. Uma das startups que estão no Programa de Aceleração do hub BrazilLAB este ano, por exemplo, lida com o tema. A Lunix criou um sistema que gerencia e direciona a iluminação pública atuando de acordo com as informações geradas por sensores de movimentação de pedestres e veículos, além da luminosidade natural.
"A compactação e evolução dos componentes eletrônicos e microcontroladores favorece muito os sistemas atuais. Hoje, podemos ter uma força computacional na palma da mão", explica Fernando Ferreira, CEO da Lunix. A startup já vem modelando seu negócio para oferecer opções a prefeituras, trazendo vantagem à população. "Nossa identificação de luminárias queimadas, que nos sistemas comuns leva em média nove dias úteis, passa a ser instantânea, por exemplo".
Em Tampa, na Flórida, a companhia elétrica abraçou o desafio de melhorar a prestação de serviços. Ao substituir lâmpadas comuns pelas de LED, a cidade aproveitou para comprar um sistema de 260 mil fotocélulas que detectam problemas dos equipamentos – como um controle remoto das luzes (que, inclusive, podem ser dimerizadas, ficando mais claras ou mais escuras conforme necessidade de economia e segurança).
Existem projetos pensando soluções até mais futuristas, como no caso da Twinkle, criada pelo designer Honghao Deng, especialista em Internet das Coisas. A premissa do sistema é a instalação de postes de luz que, em vez de lâmpadas simples, são bases carregadoras para drones. São eles que conectam as lâmpadas de alta luminosidade – e podem se deslocar, acompanhando pedestres em movimento.
Observar e implantar ideias assim, iluminadas e com foco no cidadão, é que fará as cidades cada vez melhores.
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