Alice, Cida, Victor: bots chegam para 'resolver a vida' de órgãos públicos
Ainda corria o mês de novembro quando o novo governo federal eleito confirmou o nome do advogado Gustavo Bebianno como ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência. Não se tratava de alguém conhecido do público em geral, mas os grupos que trabalham ou lidam com o conceito de GovTech celebraram pois, já nas primeiras entrevistas, Bebianno citou a necessidade de promover avanços na tecnologia aplicada aos serviços públicos brasileiros.
Agora, o novo governo está aberto para os trabalhos. E, de fato, nós precisamos falar de GovTech. Já estamos falando, na verdade.
A ideia de colocar tecnologia – e agilidade, segurança e produtividade – dentro do setor público vem ganhando espaço no governo federal. Isso acontece, por exemplo, com ferramentas baseadas em inteligência artificial. Vamos falar apenas de quatro "pessoas" que passaram a trabalhar para o governo recentemente:
- A Controladoria-Geral da União emprega, desde o ano passado, a chatbot 'Cida'. Ela recebe, via Facebook, denúncias, sugestões e reclamações a respeito do órgão a fim de otimizar os procedimentos;
- O Superior Tribunal Federal também abraçou a inteligência artificial e inseriu o 'Victor' em seu quadro de funcionários; ele é responsável por converter imagens em textos, atuando sobre o acervo e agilizando processos;
- A Câmara dos Deputados trabalha hoje com o 'Ulysses', que automatiza a informação de interesse público e, em breve, também vai classificar discursos e estudos técnicos.
- Mais uma ação – na verdade, três: o Tribunal de Contas da União, hoje, conta com a 'Alice', a 'Sofia' e a 'Mônica' na varredura de seus sistemas como um apoio ao trabalho de fiscalização e elaboração de contratos e licitações.
Muitas dessas iniciativas estão em início de carreira por aqui, mas é inegável que as experiências se multiplicam e que, em breve, a burocracia terá que se render a soluções autônomas que auxiliam desde o trato com o cidadão até a checagem, organização e controle de dados.
A contribuição da inteligência artificial dentro dos governos, no entanto, vai muito além de acabar com a papelada – podendo auxiliar na administração de questões bastante profundas.
Quando os Jogos Olímpicos de 2008 estavam prestes a começar em Pequim, uma das grandes preocupações das autoridades chinesas era o famoso problema de poluição da cidade.
As medidas tomadas para não arriscar a saúde dos atletas e turistas (e não passar uma péssima imagem ao mundo) foram o fechamento de dezenas de fábricas próximas e restringir o tráfego em 90%. Os movimentos, no fim, foram considerados radicais e impactaram a economia da região, mas a verdade é que o governo teve que tomar as decisões um tanto no escuro. Hoje é diferente.
Pequim está agora salpicada por sensores que medem níveis de CO2 e outros poluentes. Os dados desses sensores são combinados com informações do serviço meteorológico da cidade e algoritmos ajudam a prever se a cidade será ou não afetada por altos níveis de poluição: com base em resultados, as autoridades selecionam quais fábricas precisam ser mesmo fechadas antes que o problema apareça.
A tecnologia por trás dessa iniciativa da capital chinesa é de inteligência artificial. Ao coletar e combinar uma enorme quantidade de dados, cidades, estados e países podem prever e organizar suas ações – um plano GovTech no qual o Brasil dá seus primeiros passos e que, espera-se, o novo governo abraçará de modo inteligente.
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