Startups e educação: essa união derrubou a evasão escolar no Piauí em 76%
Um estudo realizado no ano passado pelo pesquisador Ricardo Paes de Barros ajudou a colocar uma lupa sobre o imenso problema que é a evasão escolar no Brasil nos dias de hoje. Entre os dados colhidos, Barros registrou que cerca de 27% dos jovens entre 15 e 17 anos não conclui o Ensino Médio no país – e que existem 14 causas principais para essa situação, como a necessidade de trabalhar e a gravidez precoce. Mas o que essa triste notícia faz aqui, em uma página sobre a ação de startups em tecnologia? Acontece que esses agentes são decisivos, hoje, para manter a moçada nas salas de aula.
Primeiramente, um exemplo já em ação: a Mobieduca.me foi uma das startups apoiadas pelo BrazilLAB em seu programa de aceleração de 2017 – e a solução de Marcos Oliveira, criador da plataforma, vem sendo um sucesso para a comunidade depois de adotada pela Secretaria de Educação do estado do Piauí.
A Mobieduca.me é uma ferramenta simples de controle de frequência. Ao entrar na escola onde estuda, o aluno passa sua carteirinha no leitor ótico e, por meio de um aplicativo, os pais daquela criança recebem a confirmação de que ela está em aula. Em caso de não comparecimento, os pais podem identificar se a situação está de acordo e o que aconteceu.
A startup foi criada em 2014, passou pela aceleração com o BrazilLAB e hoje está implantada em 339 das 674 escolas estaduais do Piauí (o segundo estado brasileiro com mais alto grau de abandono escolar, atrás apenas de Alagoas). E aí, o mais importante: o volume médio da evasão nessas escolas chegou a despencar em 76%.
Por uma escola pública de futuro
Mas não é só de solucionar problemas históricos que se trata o GovTech para a educação. Na verdade, falar de inovação seria uma forma produtiva de levar os alunos à escola – e de mantê-los felizes e capacitados por lá.
De acordo com um relatório da Central Connecticut State University, o Brasil é um dos primeiros países do mundo em relação à proporção de alunos na escola e PIB destinado à educação – mas ficamos entre os últimos quando o assunto é qualidade de ensino.
Outro dado: o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, em sua última análise, apontou que 71% das escolas públicas de ensino fundamental não estão no patamar mínimo de qualidade definido pelo próprio Ministério da Educação.
Além de questões de estrutura, o formato da escola no Brasil ainda é ultrapassado, não acompanha o mundo onde vivemos hoje. Especialmente o mundo dos jovens, que reconhecem na tecnologia uma importantíssima via para alcançar seus desejos.
Alguns estudos mostram que 65% dos empregos das próximas gerações ainda nem existem. Neste contexto, as startups é que podem levar para dentro da sala de aula o futuro das profissões, como em programação e robótica. A startup Mundo 4D, que acaba de ser selecionada para o Programa de Aceleração do BrazilLAB em 2018/2019, funciona como um integrador de robótica para crianças – um suporte educativo interessante e desafiador. Como modelo de negócio, a empresa identifica quais são as melhores soluções para cada escola e faixa etária, entregando, entre outros, materiais para as atividades, para confecção de robôs, dispositivos e apoio aos professores.
Aplicada em escolas públicas, esse tipo de ideia pode começar o resgate urgente do interesse de alunos e mesmo de educadores pelo ambiente em que vivem e se desenvolvem, criar novos métodos de aprendizado e catapultar a escola pública para dias muito melhores.
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