Plantar na cidade dá lucro: mercado de fazendas urbanas beira os R$ 50 bi
A agricultura urbana ou vertical não é exatamente um conceito novo. Se pensarmos bem, ao longo dos séculos, conforme as cidades cresceram, por necessidade e consciência, aprendemos a cultivar comida em espaços cada vez menores. Das fazendas passamos aos sítios, chácaras, talvez até às sacadas de edifícios.
Mas aqui estamos falando de um mercado real – o mercado das empresas que levam o plantio de alimentos ao ambiente urbano e que, até 2024, deve alcançar entre US$ 7 bilhões e US$ 13 bilhões (cerca de R$ 50 bi) segundo institutos de pesquisa especializados.
Ao longo da última década, empresas inovadoras investiram em métodos mais naturais para trazer o cultivo para espaços controlados em densos bairros urbanos. Por que? Basta lembrar que, assim, o alimento fresco fica mais próximo das mesas – impactando não só a saúde, mas economizando em transporte e outros custos.
Antes um nicho de mercado, o espaço da agricultura urbana está em expansão e muitas empresas iniciantes foram rapidamente aclamadas. Nos Estados Unidos, elas se multiplicam agora.
Vamos tomar como exemplo a Gotham Greens: em 2011, a startup era a única empresa da América do Norte a apostar suas fichas em um modelo de negócio que envolvia cultivar o telhado (sim, o telhado) de um velho armazém no Brooklyn, próximo à Nova York.
Ideia de três jovens empreendedores, o negócio de plantar mais próximo à cidade grande e encurtar caminhos (e cortar custos, evitar atravessadores e desperdício) vingou: hoje, a empresa está em NY e também Chicago, outra metrópole, produzindo 45 toneladas anuais de alimentos – e fornecendo verduras e legumes para uma das mais prestigiadas redes de alimentos do país, a Whole Foods.
Novas receitas
No Brasil, a BeGreen é um prato bem equilibrado no ramo das startups que lidam com agricultura urbana. Natural de Belo Horizonte (MG), a empresa é a primeira da América Latina a adotar o modelo – com uma estufa de 1.500 m2 pegada ao Boulevard Shopping, o que também foi pensado de antemão.
Com capacidade para produzir 40 mil pés de alface baby e outros produtos por mês (tudo orgânico, sem agrotóxicos), a BeGreen faz da vizinhança com o shopping uma parte do sistema: parte do resíduo orgânico gerado na praça de alimentação é usado para compostagem.
Parece um detalhe, mas, hoje, essa questão é de suma importância. À medida que o negócio de fazendas urbanas ganha mais visibilidade (foi, por exemplo, um tema importante na última conferência "Sustainable Brands", em Detroit, EUA), um número crescente de empresas está observando mais de perto a questão de transformar os verdes em ouro com sustentabilidade.
Agora imagine toda essa ótima ideia aplicada à pauta GovTech – coisa que o BrazilLAB imaginou, daí a seleção da BeGreen para o programa de aceleração do ano passado do hub (que incentiva a aplicação de iniciativas como essa no setor público).
O serviço dessas startups/fazendas urbanas pode beneficiar prefeituras em todo o Brasil e fornecer produtos a custos menores, incentivando uma alimentação mais saudável e acessível a crianças da rede pública de ensino, funcionários e outros agentes, por exemplo. Somando a isso o tratamento mais adequado de resíduos e uso mais racional de insumos, temos uma economia que chega não apenas à merenda dos alunos mas também ao bolso de todos os cidadãos. A forma de as secretarias fazerem compras também pode mudar – agilizar, baratear.
A utilização desse tipo de serviço pelo poder público precisa se tornar regra, não exceção. Pequenos e médios produtores têm aí uma chance de, com startups especializadas, tornar melhor, em muitos sentidos, a lista de compras de governos por todo o país.
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